Perante um bem árduo desejável, se porventura o julgamos possível de realizar – seja em nós, seja para nós –, sentimos ESPERANÇA. Perante um mal árduo indesejável, se se apresenta à nossa consciência como possível de ser enfrentado e vencido, sentimos AUDÁCIA; se impossível, ou quase impossível, TEMOR. Por fim, se o mal sucede contra a nossa vontade, sentimos TRISTEZA.
Estas e outras paixões da alma são em nós suscitadas ou de maneira congruente com a realidade, ou incongruente. Tudo depende da interpretação adequada ou inadequada dos bens e dos males que se nos apresentam. Por isso não erra quem diz existirem EMOÇÕES EQUIVOCADAS, como quando uma pessoa julga como má uma coisa intrinsecamente boa.
Em breves palavras, o equilíbrio emocional é impossível para quem considera a realidade como mera projeção do seu querer, pois tal supremacia da vontade sobre a inteligência cedo ou tarde gera graves distorções psíquicas, e a criatura humana descambada neste estado transforma-se num quasar de paixões cambiantes. Nestes casos, nem a inteligência exerce o seu natural império sobre a vontade, nem a vontade sobre os sentidos.
O mundo torna-se insuportável para quem é acometido de tamanha miopia ontológica, vendo as coisas não como são, mas como queria que fossem. É assim que uma pessoa concebe universos paralelos acalentando a ilusão de serem reais, e vai sobrevivendo neles com a falsa boa consciência de estar cumprindo um sublime dever ético.
A propósito, as ideologias representam a invenção de um mundo tolerável para quem não tolera nada que não se amolde a suas confusas esperanças. Portanto, não é algo fortuito que, em qualquer tempo, ideólogos arregimentem multidões de criaturas confusas e infelizes.
Veganismo, ecologismo, ideologia de gênero, climatismo e outros “ismos” são a cabal negação da estrutura dinâmica do ser. E quem nega o ser – que “é o que é” – entra em guerra contra o mundo.
Criaturas emocionalmente desgovernadas, volitivamente insaciáveis e intelectualmente obtusas aderem politicamente a idéias que espelham a sua própria balbúrdia interior.
Não vivem; agonizam em vida imaginando-se super-heróis de histórias em quadrinhos.
Instabilidade emocional e cegueira política costumam andar juntas.
É uma tolice crer que a realidade depende do nosso querer, mudar a nossa realidade não significa mudar a estrutura do REAL. As pessoas estão entendendo errado. Muito bom, professor.