Os rumos da Segunda Guerra Mundial ainda eram uma incógnita, quando o Padre Leonel Franca publicou seu livro “A Crise do Mundo Moderno”, em 1941. Na ocasião, houve quem o criticasse por não abordar de maneira detida o conflito internacional, dando a entender que o nosso jesuíta fosse um intelectual de gabinete alheio às aflições da humanidade, indiferente aos massacres, aos bombardeios, às perseguições, às incertezas do mundo convulsionado.
Ocorre que os comentadores de efemérides, sejam estas quais forem, jamais procuram um sentido de unidade nos acontecimentos. O que as suas retinas fatigadas vêem não é devidamente contemplado pelo intelecto, daí se atreverem a emitir pareceres graves com respaldo em muitas informações, mas pouca ou nenhuma formação.
Soterradas pelo noticiário, essas operosas criaturas agitam as massas sem averiguarem a real natureza dos males presentes, sem diagnosticarem suas causas e sem proporem remédios eficazes para combater a crise. Descambam ou no idílio de um otimismo rasteiro, ou no desespero de um pessimismo categórico para o qual não existe saída possível.
Não é fortuito que, diante do agravamento das tribulações, tais pessoas acabem por ceder ao discurso inculpatório contra quem não agiu como elas imaginavam ser a maneira devida.
Pois bem, basta olharmos o índice analítico da obra outonal de Leonel Franca para de imediato percebermos a amplitude de sua visão. Trata-se de um passeio histórico pelo que ele chama de “crise de instituições” e “crise de almas”, ambas inseridas no contexto das forças negativas da civilização moderna. Ao final, diz com acerto:
“(…) a revitalização profunda de uma civilização abalada em seus fundamentos não será o efeito de meias verdades ou de paliativos ineficazes. Não basta o apelo à dignidade do homem ou aos valores do espírito. O verbalismo generoso não consegue insuflar calor e força regeneradora a sonoridades vazias de seu conteúdo real. Cumpre reintegrar o homem na plenitude das riquezas de sua natureza e para isto colocá-lo em cheio na orientação dos seus destinos transcendentes”.
Naquele momento como agora, às vésperas de recrudecer o globalismo que fará cumprir sua agenda revolucionária a qualquer custo – com provável aniquilamento de milhões de pessoas numa escala de fazer inveja aos maiores genocidas do século XX –, sairá fortalecido ante o caos quem perceber que a política, chegada ao paroxismo da degradação, é incapaz de freiar a marcha histórica presente.
Eis o último parágrafo do mencionado escrito de Franca:
“Neste momento de angústias e ansiedades, no fundo das nossas consciências cristãs irrompe um grito d’alma que é uma prece e um programa de ação:
‘Domine, salva nos, perimus!”.