Sidney Silveira
ESCRITO NA NOITE DE 30 DE OUTUBRO DE 2022
(Na ocasião, não divulguei estas considerações nas minhas redes; faço-o agora na presunção de que alguns poucos leitores tirem proveito delas)
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Inserida num contexto maior de programada degenerescência espiritual, a presente crise brasileira não tem a menor chance de encontrar uma solução “política” a curto e médio prazos, pois as suas causas profundas são, todas elas, metapolíticas.
Quando tudo caminha para a definitiva perversão das leis e depravação das instituições, é preciso ter cautela e sabedoria redobradas. Nestas ocasiões, induzir a massa a sentir-se senhora do seu destino e, sem o comando de genuínas lideranças**, reagir de maneira frontal aos desmandos de uma facção ideológica desprovida de parâmetros morais – para a qual o poder é o valor absoluto da política, e vale tudo para obtê-lo e mantê-lo – costuma trazer o seguinte resultado: massacre das pessoas de bem, perpetrado pelas forças de repressão a serviço dos potentados da vez.
Bordões e frases de efeito não têm o condão de restaurar a ordem corrupta, infelizmente. Isto é óbvio, mas não para pessoas que nem sequer se dão o trabalho de contemplar a realidade, pois vivem de projetar sobre esta os seus anseios.
Quando se chega ao fundo do poço, a única coisa que cabe a uma pessoa – e também a uma sociedade – é SOBREVIVER, para depois tentar sair dele. Não dá para pensar na reconstrução do poço ao mesmo tempo em que se está preso à lama de suas entranhas.
Se porventura chegar para nós o momento de uma renascença intelectual e moral – sem cuja pujança a política é apenas o palco de desgraças, corrupção, genocídios e traições –, esta não sairá da cabeça dos “influenciadores”, que, salvo raríssimas exceções, vivem da ribalta e para a ribalta. Nem de jornalistas conservadores bem-intencionados, na presunção de que existam, pois estes costumam receitar a cura dos males sociais prescrevendo os venenos que os produziram. Por exemplo: lutam por liberdade política defendendo o pluralismo cultural e estimulando a licenciosidade. São apostadores de rinhas de galo entusiasmados com os esporões dos seus bípedes emplumados.
Ocorre o seguinte: o destino de quem adora galos é enterrar a cabeça no chão como um avestruz, entre outras coisas para não ver suas próprias embrulhadas.
Uma indignação não moderada pela sabedoria transforma-se, cedo ou tarde, em desespero.
Sem o saber, e muitas vezes imbuídas de bons propósitos, tais pessoas contribuem para a instauração de um ambiente insalubre, verdadeira babel das opiniões que elas confundem com liberdade política. Desconhecem a seguinte lição: o regime baseado na opinião tem por fim a imposição ditatorial de uma só opinião: a de quem manda.
A restauração da ordem mínima necessária ao convívio civilizado, uma “ordo amoris” com reflexos na vida comum da sociedade, só poderá sair da mente de gente circunspecta, equilibrada, que hoje estuda os clássicos da filosofia e do pensamento político À MARGEM DOS CANAIS “OFICIAIS” DE FORMAÇÃO.
São jovens de futuro que estão por aí espalhados, longe dos memes e dos bate-bocas internéticos. Rezo para sobreviverem ao caos e manterem íntegros seus corações e mentes.
** Liderança não é popularidade! É preciso advertir isto a quem imagina que o líder se mede pelo número de visualizações em postagens de redes sociais, ou em videos do Youtube.
P. S. O livro da foto é do tomista argentino Rafael Breide Obeid, herdeiro do valente Jordán Bruno Genta, autor intragável para um mundo habituado a preferir a liberdade à verdade.
Que reflexão fantástica professor Sidney!
Caro professor Sidney, nos últimos dias tenho “maratonado” vídeos seus no Canal do Centro Dom Bosco, hoje me inscrevi no seu Canal. O senhor tem uma didática surpreendente, e aprecio muito seu senso de humor. Muito tenho aprendido, e graças a si Santo Tomás entra para o rol dos Santos de devoção devo dizer. Eu particularmente tenho esperança, a tenho por conta de Cristo, a tenho porque nós católicos conhecemos o “final da história” em que o Verbo prevalece, o Imaculado Coração triunfa apesar de todas as sandices e sombras nos dias que correm. Só hoje me considero de fato católica professor, pois estou a estudar a fé, e não creio ser a única. Se há aqueles comprometidos com uma agenda nefasta, surgem em contra ponto, são convocados, eu diria, aqueles que resistirão. Rogo a Deus que o abençoe e a Nossa Senhora que o proteja.
PS: eu o apelidei mui respeitosamente de homem do etc.
Att. S.M.R